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Coluna PG l Contratações do Grêmio revelam um problema estrutural que resiste ao tempo

Tricolor segue com contratações de jogadores experientes e "acima" de 30 anos

Grêmio Alberto Guerra Presidente
Imagem: Lucas Uebel / Grêmio FBPA

Grêmio e os “cascudos”: o diagnóstico de Cesar Cidade Dias é preciso, mas e a responsabilidade?

Na coluna publicada por Cesar Cidade Dias, ex-dirigente do Grêmio, uma frase se destaca com força e sinceridade: “A busca por jogadores experientes indica o que o Grêmio procura para o seu time.” A análise, direta e lúcida, acerta ao apontar que o clube recorre mais uma vez à velha receita dos veteranos — jogadores caros, rodados e, em grande parte, incapazes de formar uma equipe campeã. Mas há uma camada oculta no texto que precisa ser questionada: onde estava esse diagnóstico quando esse modelo era praticado nos bastidores?

A repetição de um ciclo e o silêncio sobre sua origem

CCD escreve com propriedade sobre o modelo emergencial adotado pelo Tricolor: jogadores “capazes de enfrentar a pressão”, mas que “não formarão um time capaz de conquistar um grande título”. Essa visão é coerente, mas ela chega atrasada. O Grêmio não começou a cometer esse erro agora. O clube repete essa estratégia há anos, e muitos dirigentes — inclusive o próprio CCD em sua passagem — contribuíram para cristalizar esse padrão de gestão conservadora.

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Se hoje há indignação com a preferência por atletas de 30 anos ou mais, por que essa crítica não apareceu com a mesma contundência quando o clube contratava nomes como Thiago Neves, Diego Souza, Rafinha ou Lucas Leiva? A atual gestão apenas replica um modelo que é institucionalizado, não circunstancial.

Falta de protagonismo na formação de elenco

CCD acerta ao apontar que “a base não teve a devida valorização”. Essa negligência é uma das raízes da crise tricolor. Mas novamente, a crítica só é válida se vier acompanhada de autocrítica. Em vez de apenas reforçar o óbvio — que os “cascudos” mantêm o Grêmio previsível — seria mais útil discutir por que o clube falha em criar um sistema que revele talentos e aposte neles com convicção.

Arezo, Aravena e Monsalve foram, como ele mesmo destaca, tentativas isoladas. Faltou planejamento, sequência e, principalmente, uma cultura de paciência com jovens atletas. O imediatismo gremista sabota qualquer reconstrução — e os próprios comentaristas que hoje criticam o modelo, muitas vezes no passado cometeram os mesmos erros ou até piores.

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O Grêmio precisa mais do que diagnóstico: precisa romper com o seu passado

A frase que resume bem a crítica de CCD é: “O modelo de atleta é rigorosamente o mesmo que trouxe o Grêmio até aqui, financeira e tecnicamente.” Mas a pergunta que não quer calar é: quem trouxe o Grêmio até aqui? A crítica, ainda que justa, soa confortável quando feita do lado de fora.

O Grêmio precisa, de fato, abandonar a cultura dos “cascudos”, valorizar sua base e construir elencos com coragem. Mas para isso acontecer, é preciso mais do que colunas certeiras: é preciso coragem para reconhecer responsabilidades passadas e romper com elas de verdade.

 

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