Sindicato dos Jornalistas emite nota contra presidente do Grêmio e Renato Portaluppi
Instituição sai em defesa de colegas da imprensa
Sindicato posiciona-se contra a direção do Grêmio
O Sindicato de Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (SindJoRS) emitiu nota oficial em que repudia as falas de Renato Portaluppi e Alberto Guerra para jornalistas em recentes coletivas de imprensa.
Em Belo Horizonte, na chegada da delegação do Grêmio, o presidente Guerra ofendeu o colega Diogo Rossi ao negar a veracidade da informação sobre rugas entre ele e Braithwaite. Já na coletiva de imprensa após empate com o Cruzeiro, Renato Portaluppi ameaçou “dar nome aos bois” e disse que a torcida sabia onde os filhos de alguns jornalistas estudavam.
Vale ressaltar que o treinador já divulgou uma nota sobre o episódio e negou a intenção de fazer ameaças.
Confira nota do Sindicado de Jornalistas
“O Sindicato de Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (SindJoRS) – com apoio da Fenaj, Federação Nacional de Jornalistas –, vem a público afirmar que NÃO ACEITA, em hipótese alguma, ameaças à integridade de jornalistas e suas famílias. Episódios recentes, envolvendo o Grêmio Football Porto-Alegrense, nos direcionam a memórias nefastas de uma época que repudiamos.
Há alguns meses, em razão da má campanha do Grêmio no Campeonato Brasileiro de Futebol (que deveria ser entretenimento), o técnico Renato Portaluppi, nas entrevistas coletivas, possivelmente como forma de desviar a atenção para a performance dele como líder da equipe, ataca jornalistas e cronistas esportivos, nas entrevistas coletivas. Até então, pensava-se ser a personagem que ele criou para si.
No entanto, esta semana, o presidente do Grêmio, Alberto Guerra, foi de uma infelicidade inenarrável, ao ofender o cronista Diogo Rossi – que publicara uma informação que recebeu de uma fonte (que, caso não procedesse, teria somente que ser desmentida), durante uma entrevista coletiva. Disse o mandatário do Grêmio: “Isso não é um colega. É um desqualificado. Acho que não deve ter sido parido. É um filho de chocadeira para falar uma besteira desse tamanho. São várias fake news dentro de uma”. A fala repercutiu e, como todo tema que envolve paixão, há quem não achou “nada demais”. Acontece que o jornalista vive de fatos e, muitos deles, advindos de fontes. A informação do Diogo Rossi nada tinha de absurda e, caso não fosse verdadeira, a atitude correta seria desmenti-la. Mas Alberto Guerra, ainda fez uma ameaça: “Faço um apelo à Aceg – Associação dos Cronistas Esportivos Gaúchos –, para que tome providência, pois não é possível inventar tamanho absurdo. Isso está demais. Ainda mais de gremista. Fogo amigo. Se tivesse 1% de verdade, eu não daria esse discurso”.
O SindJoRS e a Fenaj lembram a todas e todos que esse tipo de discurso não apenas fere a liberdade de imprensa, como atinge o direito do jornalista de publicizar o que suas fontes lhe apresentam. Ameaças ao trabalho de jornalistas nos remetem a uma época ditatorial que lutamos para que não se repita (ainda mais numa época em que temos, nas telas do cinema, “Ainda Estou Aqui”, relembrando o período lamentável na história brasileira).
Só piora
Para deixar a situação ainda mais deplorável, na noite desta quarta-feira (27), após mais uma atuação criticada pelos especialistas, no empate entre Grêmio e Cruzeiro, o técnico do time gaúcho, Renato Portaluppi, extrapolou todos os limites aceitáveis, voltando a atacar a imprensa, desta vez com ameaças. Disse ele, na entrevista coletiva pós-jogo: “Eu sou muito bom. E vocês da imprensa gostam de me jogar contra a torcida. Estou bem calmo hoje, mas o que vocês têm mentido para a nossa torcida é algo absurdo. […] E se eu falar que vocês ganham um dinheirinho por fora para falarem isso? Posso jogar no ventilador também. […] Se continuarem mentido, eu vou dar os nomes aos bois, vou atacar também, vou chamar de mentiroso, vou chamar alguns de covardes. Vocês têm família, vocês também têm filhos no colégio, vocês também andam por aí e o torcedor conhece bem alguns de vocês. Vocês querem que a gente passe por dificuldades? Alguns de vocês vão passar também. E vou repetir: eu não tenho medo de ninguém da imprensa”. É uma fala lamentável, posto que é repleta de ameaças e fere a democracia, chegando no limite do crime de ameaça. Colocar em risco a integridade de familiares de jornalistas, além dos próprios, é de um absurdo inominável.
O SindJoRS gostaria de poder reportar-se ao presidente do Clube, para que esse tipo de ameaça não aconteça mais, por parte de seu funcionário, mas – como foi visto no início desta nota – o treinador é respaldado por esse tipo de atitude e/ou ameaça pelo mandatário do Clube. O Sindicato de Jornalistas Profissionais do RS está atento para levar a instâncias superiores, caso não seja possível um acordo amigável de respeito. Repudiamos e lamentamos que um momento de dificuldade dentro de um Clube repercuta contra os profissionais da crônica esportiva. Já fomos muito ameaçados e desrespeitados com o presidente agora indiciado por crimes contra a democracia, dentre outros. Não vamos aceitar que todo aquele cenário volte a acontecer.”
Nota irreal e desnecessária. Porque o Sindicato não desmente o dito pelo Presidente e pelo Técnico do GRÊMIO? Não desmentem pois sabem que uma grande parcela hoje vive de notícias falsas, lides na Internet e tempo de vídeo. O que o Sindicato vai fazer quanto aos Jornalistas que são procuradores de jogadores e criam notícias para engrandecer determinados jogadores em detrimento de outros, com o claro objetivo de ganhar financeiramente? Não vão encaminhar para o Conselho de Ética? Claro que não. Está na hora do GRÊMIO tomar atitudes a altura do Athletico Paranaense. Quais as instâncias superiores que querem discutir o assunto? O GRÊMIO é muito maior que os Jornalistas e o corporativismo que encobre as falcatruas dentro do esporte. Um boicote a jornalistas e a patrocinadores resolveria a situação, em um segundo. Protestem, mas ataquem os sem éticas da classe. A democracia exige ética. Se um jornalista pode dizer o que quiser e ao clube basta desmentir, porque o alegado pelo Presidente e pelo Treinador não pode ser também desmentido? Já vivi muitos anos no futebol para saber onde cheira mal. E Sindicato não é para ameaçar, mas sim para lutar e a ética é indispensável.